
Diabetes na Gestação
Saiba quais são os riscos para o bebê e como é feito o tratamento
Você sabia que o Diabetes ser diagnosticado em até 15% das gestações? Veja quais são os riscos para mãe e para o bebê. Descubra quais são os exames para acompanhamento e como é feito o tratamento.
Como surge o Diabetes Gestacional?
Toda vez que nos alimentamos, o nível de açúcar no sangue sobe e o principal hormônio responsável para baixar esta taxa é a insulina.
Durante a gravidez há um aumento da resistência a ação deste hormônio (causado pelo feto e placenta), fazendo com que o organismo da mãe precise produzir uma quantidade maior de insulina. Em cerca de 5 a 18% das gestações, esta produção não é suficiente e se desenvolve o Diabetes Gestacional.
Quais são os riscos para o bebê e para a gestante?
Macrossomia Fetal:
É o mais comum. É o bebe grande para idade ou acima do peso. Isto pode provocar complicações na hora do parto (normal ou cesariana) como, por exemplo, lesão do ombro do bebê.
Pré-Eclâmpsia:
Pressão Arterial alta na gravidez e suas complicações são mais comuns em Diabéticas
Parto Prematuro ou perda fetal:
O Diabetes não controlado pode provocar o parto antes do bebê se maturar por completo, necessitando de suporte de vida em UTIs neonatais.
Malformações Fetais:
A mais comum é alteração no coração do feto. Também podem ocorrer anencefalia e espinha bífida.
Dificuldade na maturação do pulmão do bebe também pode ocorrer.
Hipoglicemia Neonatal:
Como o feto está “acostumado” com os níveis altos de açúcar no sangue, podem ocorrer quedas bruscas nas taxas de glicose logo após o parto e ele precisar de acompanhamento especializado em UTI neonatal.
Quem tem mais risco de desenvolver Diabetes na Gestação?
A mulher que possuir estes fatores de risco:
- História de Diabetes na família
- Diabetes em outras gestações ou bebês grandes para idade (> 4 kg)
- Portadoras de Síndrome dos Ovários Policísticos
- Obesas
Como é feito o diagnóstico?
Durante a gestação em mulheres saudáveis, as taxas de açúcar no sangue são naturalmente mais baixas. Por isso, o diagnóstico é feito com níveis menores de glicemia.
O teste deve ser solicitado para mulheres com risco aumentado para Diabetes quando atingirem 24-28 semanas de gestação. No entanto, a glicemia de jejum pode ser solicitada no início da gravidez para identificar as que já são previamente Diabéticas e não sabiam.
Teste de Tolerância a Glicose:
Existem diversos modelos de testes, mas o mais comum é realizado com um líquido doce (75g de glicose) e a glicemia (nível de açúcar) é verificada 3 vezes.
Ínicio: normal até 92 mg/dL
60 minutos: normal até 180 mg/dL
120 minutos: normal até 153 mg/dL
Como controlar e monitorizar o Diabetes?
É fundamental fazer uma dieta pobre em carboidratos (açúcares, farináceos, leguminosos) e recomenda-se a prática de exercícios leves.
Recomenda-se fazer medidas da glicose na ponta do dedo (HGT) antes e 2 horas após as refeições.
Quais são os níveis de glicose recomendados?
A Associação Americana de Diabetes recomenda:
- Jejum e antes das refeições: até 95 mg/dL
- 2 horas após as refeições: até 120 mg/dL
Quais medicações são seguras na gravidez?
- Metformina (Glifage): Considerada segura na gestação. Foi utilizada em diversos estudos, sem problemas para mãe e feto.
- Glibenclamida: alguns estudos sugerem que possa causar quedas na glicose do bebê, ganho de peso materno e fetal, devendo ser utilizada com cautela.
- Insulina (lispro, asparte, determir, NPH e regular): segura na gestação. Frequentemente é necessária, especialmente se houver crescimento fetal excessivo.
Boa parte dos novos medicamentos orais para Diabetes ainda não foi aprovada para uso na gestação.
Quais são os exames recomendados durante a gestação?
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes:
1o trimestre
- Ultrassonografia (US) para avaliar idade gestacional/ translucência nucal para avaliar possibilidade de malformações fetais
2o trimestre
- US morfológica para avaliar malformações – 20a a 24a semana
- US com Doppler das artérias uterinas e artérias umbilicais – 26a semana
- Ecocardiograma fetal – 24a a 28a semana (em casos de diabetes preexistente)
- Em casos complicados, a US pode ser realizada mensalmente a partir da 24a semana para avaliar o crescimento fetal e polidrâmnio
3o trimestre
- Cardiotopografia basal a partir de 34 semanas (semanal)
- Doppler de artérias umbilicais se houver hipertensão arterial sistêmica, toxemia ou vasculopatia
- Contagem de movimentos fetais: orientar a partir de 28 semanas
Lembre-se que a solicitação de exames depende de caso a caso e deve ser avaliada pelo seu médico. Evite exames desnecessários.
Qual o risco de continuar com Diabetes após o parto?
Os níveis de glicose costumam normalizar imediatamente após o parto, mas risco de repetir o quadro na próxima gestação é de cerca de 60%.
Mulheres obesas que tiveram Diabetes na gestação tem um risco de até 50% de se tornarem Diabéticas no futuro.
Novos exames devem ser realizados 4-6 semanas após o parto.
PERGUNTAS FREQUENTES:
Devo continuar com os medicamentos após o parto?
Geralmente não é necessário. Novos exames devem ser feitos após 6 semanas.
O parto deve ser por cesariana?
Não necessariamente. A escolha da via de parto ocorre da mesma forma que em outras gestações.
O parto deve ser antes do tempo?
Parto a termo é considerado a partir das 37 semanas. Não há necessidade de ser antecipado. Geralmente o parto é induzido ou a cesariana é realizada com 39 semanas, variando de caso a caso.
A amamentação pode ser realizada?
Sim, o leite materno é muito importante para o bebe.