
Nódulos de Tireoide
Tudo que você precisa saber sobre a doença nodular da Tireoide
Olá! Certamente você já ouviu falar ou conhece alguém que tenha nódulos na Tireoide e/ou Bócio (papo). Isto porque eles são muito comuns mesmo. Neste artigo, vou explicar um pouco sobre a doença nodular da Tireoide.
A tireoide é uma glândula que está localizada no pescoço, na frente da traqueia, entre o pomo de Adão (proeminência da laringe no meio da região anterior do pescoço) e a base do pescoço.
Devido ao avanço da tecnologia e a facilidade de acesso aos exames de imagem como a Ultrassonografia, os nódulos de tireoide têm sido descobertos com frequência em exames de rotina. A doença nodular da tireoide é mais comum em mulheres, acomete todas as faixas etárias, mas sua prevalência aumenta gradualmente com a idade. Estima-se que 35% das mulheres ao redor dos 40 anos têm nódulos de tireoide.
Por que os nódulos de Tireoide surgem?
Antigamente, a deficiência de Iodo era uma causa muito frequente de hipotireoidismo e bócio (aumento da tireoide), bem como nódulos. No entanto, há muitos anos o Brasil é considerado zona de suficiência/excesso iodo devido a suplementação deste mineral no sal de cozinha. Os nódulos provavelmente se originam de uma única célula que se multiplica sem controle adequado. Estudos vem sendo realizados na tentativa de descobrir a causa específica, mas ainda não foram conclusivos.
Qual o risco de câncer?
Felizmente, somente 5-8% dos nódulos são malignos. Os carcinomas diferenciados de tireoide (papilar e folicular) são responsáveis por 90% dos casos. Os demais se dividem entre o carcinoma medular de tireoide e o câncer anaplásico.
Como diferenciar um nódulo benigno de um câncer?
Apesar de o tamanho ser a característica mais lembrada quando se fala de tumores, no câncer de tireoide as características ultrassonográficas parecem ser o maior determinante.
Sinais de alerta:
- Nódulos duros e pouco móveis que cresceram rapidamente
- Rouquidão
- Adenomegalias cervicais (outros nódulos no pescoço)
- Radioterapia prévia na região do pescoço ou para transplante de medula
- História de Câncer de Tireoide na família (pais e irmãos)
Qual a forma de avaliação?

Primeiramente, deve se avaliar os níveis hormonais da tireoide (TSH e T4 livre).. Quando há excesso de hormônios da tireoide (TSH baixo, T4 livre alto), a avaliação recomendada é através da cintilografia de tireoide que poderá avaliar se o nódulo é funcionante ou não. Sabe-se que nódulos que provocam produção hormonal em excesso tem menor chance de serem malignos (neste caso o tratamento é um pouco diferente e revisaremos em outro tópico).
Apesar de existirem diversos métodos diagnósticos complexos e caros como tomografia e ressonância, o principal exame para avaliar a Tireoide é a ultrassonografia/ecografia.
Quais as características suspeitas na Ultrassonografia?

- Hipoecogenicidade (mais “escuro” que o resto da tireoide)
- Contornos irregulares
- Presença de calcificações (especialmente microcalcificações)
- Ausência de Halo
- Fluxo vascular central (discutível)
O que são cistos de tireoide?
São “nódulos” cujo conteúdo é de líquido. Quase sempre são benignos e não requerem tratamento, exceto quando causam desconforto por serem muito grandes.
O que é a punção da Tireoide?
A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é um procedimento muito simples, de raras complicações. Consiste em uma aspiração guiada por ecografia diretamente no nódulo
Geralmente é feita com anestesia local, mas eventualmente esta pode ser dispensada, pois o procedimento é rápido e preciso. O material é analisado por um citopatologista e é utilizada a classificação de Bethesda: 1 (insatisfatório), 2 (benigno) até 6 (maligno). No entanto, o diagnóstico de certeza só pode ser dado pela análise anatomopatológica (após a cirurgia).
Qual o tratamento?
Em alguns casos pode-se manter o acompanhamento com ultrassonografia. Quando há risco de câncer, a cirurgia está indicada.
E o tratamento com medicamentos?
Só está indicado tratamento medicamentoso nos casos em que há excesso ou queda na produção dos hormônios da tireoide.
Quando está indicada a cirurgia?
A cirurgia é indicada quando o diagnóstico de câncer é mais provável (Bethesda 5 e 6). Nos outros casos a conduta é individualizada. Também pode ser necessária se nódulo causar muitos sintomas como dificuldade para engolir ou respirar.
Como é feita a cirurgia e quais os riscos?
A cirurgia da tireoide apresenta uma taxa baixa de mortalidade e complicações. Geralmente se retira toda a glândula sob anestesia geral em ambiente hospitalar. Usualmente o paciente recebe alta em 2 a 3 dias após o procedimento.
Os principais riscos do procedimento são hematoma, infecção da ferida operatória, distúrbios do cálcio (por manipulação ou retirada das paratireoides) e rouquidão.
A reposição do hormônio da tireoide é fundamental nos casos de retirada total da glândula e pode ser necessária quando se retira apenas uma parte.

Quando devo consultar o especialista?
O médico especializado em distúrbios da tireoide é o endocrinologista. A avaliação correta das características dos nódulos, da função hormonal e da indicação cirúrgica pode ser complexa, necessitando de uma boa integração do endocrinologista com o cirurgião de cabeça e pescoço. Além disso, é recomendado que o acompanhamento do câncer de tireoide seja feito por um endocrinologista.